Introdução: Os profissionais de saúde, e muito particularmente os enfermeiros, constituem um grupo vulnerável ao burnout pois enfrentam no seu trabalho diversas exigências quantitativas e qualitativas. Dos stressores mais relevantes destacam-se: o elevado ritmo de trabalho, a sobrecarga laboral, o sofrimento dos utentes, os problemas de colaboração/comunicação em equipa, a dificuldade na conciliação trabalho/ família, falta de recursos humanos e materiais, e mais recentemente, o impacto da pandemia COVID-19. A Saúde Mental Positiva (SM+), enquanto estado de funcionamento ótimo do ser humano, centra-se na promoção das qualidades do ser humano e na promoção do seu potencial. Trata-se um importante catalizador capaz de melhorar a saúde global e a qualidade de vida das pessoas. No local de trabalho, a SM+ pode ajudar os trabalhadores a melhorar a satisfação profissional e a trabalhar o seu potencial produtivo global. Neste sentido, foi delineado um projeto de melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem, com o propósito promover a SM+ através da aplicação de um programa “Primeiro Eu”, nos enfermeiros de um serviço de psiquiatria de um centro hospitalar português.Objetivos: a) avaliar a SM+ dos enfermeiros; b) adaptar e implementar um programa de SM+ aos enfermeiros de um serviço de psiquiatria. Procedimento: A colheita de dados será efetuada com recurso a uma amostra por conveniência composta por 10 enfermeiros, em três momentos: baseline (T0), no término do programa (T1) e um mês após a sua conclusão (follow up). A adaptação do programa será realizada de acordo com um questionário de identificação de necessidades/interesses, aplicado em cada sessão. O programa será implementado num período de dois meses, e é composto por seis sessões/atividades terapêuticas de natureza psicoeducativa. As sessões serão efetuadas na modalidade grupal, sendo garantida a confidencialidade e o anonimato dos dados obtidos. O instrumento de colheita de dados, inclui: a) informação sociodemográfica; b) questionário de SM+; c) questionário de satisfação final. Resultados: A amostra é composta por enfermeiros de ambos os sexos com idades entre os 36 e os 61 anos (M= 51; DP= 8,23) e na sua maioria casados ou em união de facto. Cerca de 70% têm contrato de trabalho em funções públicas e possui o grau académico de mestre (50%). Da análise preliminar dos resultados (avaliação baseline), os enfermeiros apresentam um nível alto ou Flourishing de Saúde Mental Positiva. Todavia pelas análises efetuadas os fatores Autocontrolo (score - 13) e Relacionamentos (score - 19) apresentam scores mais baixos pelo que necessitam de intervenção. Neste sentido, prevê-se potenciar a capacidade dos enfermeiros em desenvolver estratégias de coping/controlo emocional, e ainda a necessidade promover ambientes relacionais positivos que limitem os conflitos interpessoais no seio da equipa. Conclusões: Os dados encontrados, ainda que preliminares, permitirão ajustar o programa às necessidades da população-alvo constituindo, em si, um contributo relevante para o conhecimento do papel da SM+ e das suas dimensões nos profissionais de saúde, designadamente dos enfermeiros na fase pós-pandémica.